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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Oficina De Papel Reciclado.

Faça uma OFICINA DE RECICLAGEM no seu CDC !
Elaboração de planejamento:
A – Espaço físico, equipamentos e materiais básicos:
Sala ampla com instalação hidráulica – tanque ou pia.
  • 1 liquidificador industrial ou mesmo caseiro se for para uma pequena oficina;
  • 1 prensa;
  • 1 fogão;
  • 30 formas (telas com moldura);
  • 5 baldes e 5 bacias retangulares ou tanques;
  • 1 panela grande;
  • pequenas ferramentas: tesouras, espátulas, escovas, materiais de limpeza, etc.;
  • prateleiras;
  • 1 mesa forte para a prensa;
  • perfurador para encadernação em espiral;
  • 1 guilhotina;
  • tecidos e feltros;
  • papel (jornais, revistas, folhas usadas...);
  • corda e prendedores;
  • 1 tanque ou pia;
  • materiais para acabamentos: cola, tinta, pincéis;
  • materiais gerais para limpeza.

B – Planejamento e setores da Oficina de Reciclagem:
  1. Conteúdos a serem desenvolvidos na oficina:
  • Integração do grupo.
  • Proposta integral da oficina e aprendizado teórico do processo de feitura do papel.
  • Estabelecimento de regras através de assembléias determinando direitos e deveres.
  • Técnicas artísticas com papel sucata: recorte e colagem, rasgadura, mosaicos, construção de painéis, etc.
  • Conversações diárias sobre assuntos relevantes vivenciados na rotina do andamento da oficina.
  • Educação Ambiental ( compreensão da importância do ato de reciclar para a melhoria das condições do meio ambiente quanto ao uso indiscriminado dos recursos naturais e a produção de lixo urbano): atividades de sensibilização utilizando papel e outras técnicas artísticas que utilizem sucata: caixas, jornais, revistas, caixas de ovos, etc., combinadas com recorte, colagem, montagens, painéis, desenho, pintura...
  • Reciclagem em geral: apresentação e estudo de materiais recicláveis e não recicláveis; separação do lixo (como e por quê); desenvolver o conceito geral de reciclagem como forma de desenvolver e aplicar a criatividade: "Criar é formar, relacionando as coisas e apresentando-lhes uma forma nova. Criar adquire um caráter de transformação, onde o homem, ao transformar o mundo, também se transforma e, percebendo-se nessas mudanças, cresce, esclarecendo coisas dentro de si". "Recriar é uma forma criativa de tornar o velho, novo."
  • A reconstrução da auto-estima construindo uma nova identidade vivenciando a transformação de materiais e a transformação de conceitos e pre-conceitos reciclando suas vidas adquirindo uma consciência ecológica.
C - Construção de uma oficina de reciclagem de papel:
1 – Nome da oficina:
Escolher o nome da oficina e apresentar aos participantes o projeto integral da mesma.
2 – Denominação dos setores da oficina:
SETOR A – Depósito de material e rasgadura de papel.
SETOR B – Cozimento do papel picado em panelão .
SETOR C – Liquidificar o papel e colocar na bacia ou tanque.
SETOR D – Enformar e desenformar a polpa.
SETOR E – Prensar a polpa desenformada entre feltros e colocar para secagem.
SETOR F – Estoque de papel pronto.
3 – Funcionamento de cada setor:
Descrição detalhada do setor A – Os materiais serão organizados de acordo com o tipo (jornais, revistas, embalagens, papelões). Aí também estarão os materiais para uso de todos os procedimentos: tesouras, cola, tintas, pincéis, etc. O responsável pelo setor é encarregado de manter o depósito organizado e registrar entrada e saída dos materiais e picar papel.
Descrição detalhada do setor B – Encarregados em preparar o papel para tornar-se polpa. Receberão o papel picado e o colocarão para cozimento, em panelão, mexendo constantemente. Enquanto ocorre o cozimento, outros papéis poderão sendo postos de molho.
Descrição detalhada do setor C – Encarregados recebem o papel cozido e o passam para o liquidificador, despejando a polpa em bacias retangulares ou tanque. O papel será liquidificado nas seguintes proporções: para cada 3 punhados de papel picado, 2/3 de água do total do copo do liquidificador (no caso para 2 litros) Manter esta proporção. Despejar a polpa em bacias grandes, retangulares ou tanque.
Descrição detalhada do setor D – Recolher a polpa com a tela, retirar o excesso de água, desenformar a polpa e passar para o setor de prensagem.
Descrição detalhada do setor E Prensar a polpa entre feltros ou outros panos absorventes, reprensar e colocar o papel para secar.
Descrição detalhada do setor F – Recolher o papel que foi produzido e organiza-lo por tipo, registrar produção diária e acomodar produto em local apropriado.
Os responsáveis por cada setor serão encarregados em manter o local limpo e organizado, bem como os equipamentos e utensílios utilizados. Cada setor deverá ter claro sua linha de ação e rotina. Haverá um rodízio dos participantes em cada setor, permanecendo por 2 semanas em cada um, possibilitando o aprendizado e a execução de todos os passos para a fabricação de papel reciclado.
4 – Elaboração e mapeamento do ciclo do material a ser reciclado, desde matéria prima até produto final.
Elaborar painel mapeando a localização dos setores, bem como o responsável por cada setor em ficha móvel.
5 – Finalidade do produto:
Determinar as finalidades do produto pronto e destinar um horário para a elaboração do objeto a ser produzido com o papel pronto onde todos participam da confecção.
6 – Apresentação dos diferentes tipos de produtos reciclados e escolha do produto a ser produzido com o papel pronto (se cartões, envelopes, blocos, agendas, objetos modelados com massa de papel e cola)
7 – Enumerar produtos por ordem de interesse da maioria
8 – Determinação de setor com respectivos responsáveis:
Ressaltar a importância do rodízio nos setores. Fazer um cronograma do rodízio e afixar no mapeamento.
9 – Confecção de "vale-compra" (para que o produto seja vendido à comunidade sem que os participantes tenham contato direto com papel moeda).
10 - Criar o papel moeda da oficina. Sugestão de modelos, determinar o valor, escolher o modelo e confeccioná-lo.
11 - Materiais e equipamentos para cada setor:
SETOR A – Prateleiras, papéis, colas, tesouras, pincéis, tintas, mesa, cadeiras, fichas para registro do estoque, bacias ou caixas para o papel rasgado.
SETORES B e C – Fogão, liquidificador, baldes, panelas, pia, bacias quadradas.
SETOR D – Mesa grande, telas, panos, baldes.
SETOR E - Prensa, feltros, mesa e varal com prendedores.
SETOR F – Armário, prateleira, mesa, cadeira.
D – Atividades práticas da oficina, com referencial do Projeto AXÉ
O desenvolvimento e as atividades práticas da oficina de reciclagem são embasadas no Projeto AXÉ – Oficina de reciclagem (projeto desenvolvido por uma ONG da Bahia, com meninos e meninas de rua) segundo aspectos descritos a seguir :
  • A oficina está inserida no contexto de atividades definidas como empresas pedagógicas realizadas com crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social que dispuserem-se a construir seu Projeto de Vida do ponto de vista profissional.
  • Utilizar a técnica de reciclagem de papel artesanal como alicerce pedagógico, possibilitando ao educando uma experiência de cidadania concreta, colocando-o em relação com o mundo do trabalho concebido como uma possibilidade de interação com o mundo para transforma-lo.
  • Modificar a relação tradicional educador x educando onde o primeiro tutela a relação do segundo com o conhecimento. Quebrando essa relação colocamo-nos como facilitadores do processo de aprendizagem que procura articular de forma coerente os sujeitos do direito, da inteligência e do desejo. Este é um grande desafio.
  • Possibilitar através de experiências concretas e reflexivas a construção do saber no que diz respeito à lógica da vida profissional na realidade na qual o educando está inserido.
  • Colocar o educando em relação consigo mesmo permitindo a possibilidade de reescrever a sua história de vida a partir do não sabido, através de um processo de escuta da fala do educando a preencher os hiatos existentes nesta mesma história.
  • O processo de construção do saber nos convida a articular no caminho da síntese à prática e à teoria, repensando-as constantemente na busca do símbolo, única possibilidade de recriação permanente do saber.
Quanto análise da prática:
  • É interessante perceber o jogo necessário e possível a ser feito entre o real e o simbólico no que diz respeito ao PAPEL. Este é ao mesmo tempo a matéria prima com que fabricamos o nosso produto comercial e os PAPÉIS a que somos convidados a desenvolver na relação com os outros na dinâmica de nossas vidas.
Construção = Aprendizagem Técnica
X
Construção = Projeto de Vida
Brincando com o papel X construção de vínculos:
Os primeiros momentos do trabalho na oficina será a realização do jogo de aprendizagem "técnica" de brinquedos e brincadeiras feitas com papel e a construção de vínculos afetivos. A principal estratégia utilizada é o estabelecimento da relação entre trabalho x prazer ( o prazer é a energia da ação) Do ponto de vista do tempo utilizamos 3 meses trabalhando a construção de jogos resgatados da cultura infantil que podem ser feitos ou fabricados com a utilização do papel.
A primeira semana deve garantir o acolhimento denominado "aconchego pedagógico", através de dinâmicas projetivas (desenho, colagem, pintura, etc.) Criar um espaço "protegido" que possibilite ao educando individualmente ou no grupo FALAR de sua história de vida. Pode-se assim avaliar a situação do grupo e de cada indivíduo, podendo prever os elementos a serem trabalhados a fim de neutralizar, mesmo que parcialmente, possíveis atuações agressivas.
ESTADO DE DIREITO PEDAGÓGICO – Significa identificar através de assembléias e escrever com o grupo de educandos os DIREITOS E DEVERES a serem praticados dentro da empresa pedagógica -É a definição dos limites, a confirmação da cultura e o reconhecimento da inscrição na LEI.
Informar aos educandos sobre o processo desenvolvido na oficina, o tempo previsto, as etapas técnicas da aprendizagem da feitura do papel (contrato)
Nos três primeiros meses os meninos e meninas ainda não iniciam a aprendizagem do processo de feitura do papel, mas trabalham somente na construção de jogos que eles mesmos poderão utilizar. O processo do lúdico é determinante mas a oficina continua sendo um espaço de TRABALHO pois o educador nunca perde de vista a exigência de um produto de qualidade como resultado da atividade do educando.
A utilização do lúdico faz a ponte necessária com a infância perdida pelo adolescente.
PAPEL DO EDUCADOR – Exercício da escuta e da observação (atuando de forma sutil) Deve ser claro e transparente. Deve ser criativo propondo motivação seduzindo os educandos a realizarem as atividades.
Fazendo o papel X construindo o projeto de vida profissional
Após estabelecidos os vínculos necessários pode-se aprofundar as questões levantadas e explicitadas no processo da formação inicial dos vínculos.
Esta fase é chamada de Fazendo o Papel. É o momento em que começa a aprender a feitura do papel e a ser capacitado no exercício das diversas funções e atividades ligadas a esta produção. A oficina do AXÉ se organiza então com três espaços de atividades, nos quais o grupo se divide, são eles: espaço de produção de papel, espaço de produção de artefatos de papel e o que chamamos de "espaço pedagógico". A rotina de trabalho é organizada de forma que cada grupo de educandos passe uma semana em um desses espaços. A delimitação dos espaços dá-se de forma imaginária.
ESPAÇO: PRODUÇÃO DE PAPEL – FUNÇÕES
  1. Preparador: Seleção e separação dos tipos de papel , picotar e levar para o polpador ou polpeiro - É necessário capacitar o preparador tornando-o capaz de distinguir os diversos tipos de papel.
  2. Polpeiro: Fornece a massa de papel em termos de quantidade e qualidade. Equipamentos de trabalho – sacos de nylon, tanques, lavagem, liquidificador, pilão e balança.
  3. Gramador: Recebe a polpa e entrega a folha formada ao papeleiro para que ele retire as folhas nas entretelas ou nos panos.
  4. Papeleiro: Cabe a este pegar os bastidores sobre a bancada de espera, desenformar e secar as folhas. Retirando-as cuidadosamente sobre as entretelas. O papeleiro é responsável pela organização do trabalho.
  5. Prensador: Conclui o ciclo da confecção da folha do papel. Recolhe as folhas das entretelas para dispô-las linearmente, formando montes de no máximo 20 folhas e leva-as para a prensa. Após a prensagem, retira cuidadosamente uma das entretelas que contém a folha ainda molhada e coloca-as para secar em varal. Coletar as folhas secas do varal, fazer nova prensagem e armazena-las.


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